REVELAÇÃO

Pois metade de mim é partida
a outra metade é saudade.


Oswaldo Montenegro

domingo, setembro 30, 2012

Quando a luz do sol bate na alma


 Você ajudou-me a estar de pé 
Quando ficar de pé é-me tão difícil.
Estar de volta...
Ao mundo real
De olhos abertos para o novo.
Será que devo?
Romper o lacre.
E mostrar o primitivo
Transmutar de sentimentos.
Em minhas almas desencontradas.
Estar de pé...
Uma realidade quase impossível
De suportar.
Experimento o ato de desembrulhar-me.
Entro e saio.
Desnudo-me aos teus olhos.
Cinzelada por tuas mãos
Amparada por teus braços.
Com espanto de aprendiz
Entrego-lhe o coração despido.
Transpareço...
Razão, emoção, amor.
Erguida sobre os ossos dos pés
No corpo
Na alma.
Vagarosamente deixo-me ir...
Brota uma nova mulher cá dentro.
Pronta para o amor.


Mergulhei em mim


Perdi-me...
Por quê?
Tenho becos 
Linhas bifurcadas
De tudo que em mim procuro
Encontro-me...
Eternamente desencontrada
Conheço-me...
Mesmo que não me conheça
 E descobri que a pior prisão
 É aquela onde não existe muralha
Mas não há como fugir
e na minha ânsia de escapar
Não encontro o ponto de chegada
Talvez não haja saída
Porque me encontro no profundo
Mergulhei em mim...
Em caminhos 
Que possivelmente seja apenas miragem 
Entretanto tenho o consolo
De encontrar a minha origem no fundo
A minha garra
Essa força que me faz continuar
Através das ilimitadas veredas.




Ela às vezes parecia segurar o mundo nas pontas dos dedos
Pintava a vida com pétalas de primavera
Ela era assim... fragilidade e imensidão
Carregava as mãos cheias de sonhos,
De vida e vitalidade
Iluminando a escuridão através da sua ternura
Era um poema pintado, sonhado.
Havia amanhecer nos seus gestos
Era o próprio outono a abraçar o horizonte
E as dores do inverno.
Ela... Quase céu
Quase nuvem em lume por meio da sua luz
Mas era apenas ela simples e bela
Vestida de rosa carmim
A própria delicadeza
Uma dessas pessoas a cercar-nos como heras,
Ornamentando os muros de nossas vidas.
Trazia o amor desaguando pelos olhos
E ficar sem a fluorescência dela
Pareceu-me o prematuro final do verão.


sábado, setembro 29, 2012

Refém do desencanto


Ela mantêm os olhos fechados
Que molham as próprias pálpebras
Enquanto a felicidade passa ao seu lado
O encanto pela vida está trancado.
Ela jogou fora todas as chaves
Das gavetas de sua alma.
Ouves os seus ais
Silenciados em sua garganta?
Lágrimas que não caem
Que não escorrem
Não molham e não lavam...
Reféns do desencanto
Refugiadas neste triste pranto!
Eu a vi sentada na varanda
Enquanto as manhãs lhe pintavam
Em tons a pele.


sexta-feira, setembro 28, 2012

À espera das flores das manhãs


O meu olhar anseia as janelas abertas
Cravo no rosto um sorriso escancarado
E abro os braços num abraço...
À espera das flores pelas manhãs.
À felicidade que me há de chegar.
Aurora?
Sim!
É a chama acesa
Por cima das cinzas.
Cá dentro já não é noite,
É céu rasgado em cores.
Tão dentro de mim
Que me vaza arco-íris pelos olhos.
Fecho a porta atrás de mim
E invento o meu horizonte.
Por quanto tempo?
Até onde meu olhar alcançar.




domingo, setembro 23, 2012

O caminho da lagarta


Ouço a melodia do fremir das asas
E ensaio uns passos para fora do invólucro.
Sob um feixe de luz...
O movimento.
Neste infinito segundo
Sugo a magia da existência
Vou e venho
Sem saber para onde seguir.
Estremeço ao serpenteio das cores.
Entre o casulo e eu
Ainda existe uma eternidade de sonhos
Ainda há promessas adormecidas.
Desvendei-me
 Mas não me encontro...
No profundo alvéolo permaneço
Insinuando o voo
Vezes e vezes sem fim.




sábado, setembro 22, 2012

Fase lunar


Acordei uma vez mais ao mundo
E colhi a gota de um sorriso perdido
 Que ainda retinha gotas de orvalho
Tantos foram os devaneios que colhi
De cada pingo caído
Que acabei por esquecer-me...
Em cada sorriso seu a mim prometido!
Igualmente me sinto viva
Por fazer parte de ti
E as asas que me dá...
De volta a todos os sonhos!
Semelhantemente é onde me perco
Na aragem do seu sorriso
Mas assim escolhi 
Esvaecer-me no sonho de te amar
E abrigar-me até a próxima fase lunar.



quinta-feira, setembro 20, 2012

Dualidade



Dentro de mim prefiro as tulipas.
Das pétalas cai ternura
Só para me ensinar delicadeza.
Entretanto,
Quando deixo o casulo...
A borboleta em mim prefere os cactos.
A perplexidade do ardor das flores
Que florescem ousadas
Por entre as folhas reduzidas a espinhos.
Essa dualidade é meu capricho primaveril
Vestindo-se de poesia.


domingo, setembro 16, 2012

O caminho de nós mesmos


A sabedoria está em achar o caminho de nós mesmos.
Às vezes, ele pode ser solitário.
Povoado de medos e desgostos...
Onde a realidade é obscura demais.
E essa busca é uma trilha única,
Um trajeto desconhecido,
Onde não sabemos o que há além da curva.
Porém seguimos em frente,
Observando, aprendendo...
Uma procura para o sentido da vida.
Tantas vezes, a face vinculada de sofrimento
Tenta arrancar um sorriso da boca descarnada.
Ainda tem a alma povoada de sonhos...
Uma luz, trêmula de promessas.
Embala a própria dor à chama que ainda arde.
Esta sugere...
Ao viandante que o próprio tempo passa,
Hás de dia em dia diferentes panoramas.
E que há de colher, um dia da vida, todas as cores.


sábado, setembro 15, 2012

Mera ilusão


Um choro de solidão
Rompe o silêncio da escuridão.
Uma dor esfacela-me o peito...
A dor da espera
Por um amor sonhado.
Uma mera ilusão
Que tem tudo e nada
Tem cheiros e gostos,
Impregnados em mim.
Sinto-te tão perto,
Busco-te tão longe.
E esse querer quase insano
Chove em lágrimas de angústia.
De um sonho só meu...
Minha prisão.

domingo, setembro 09, 2012

A viagem


Viver é um estado de espírito
Devemos apreciar cada momento.
Quando pudermos tocar o horizonte
Estará perto do final de nossa viagem.
Guardemos a ternura 
Da criança que há em nós
E com ela adocemos nossas tristezas.
Saibamos aproveitar cada recomeço
E a reconhecer novos caminhos.
A vida nos permite apenas o que tem que ser.
A coisa mais sábia a fazer
Seria viver cada segundo
Como suave poeira ao vento...
Que escoa e pousa sem roteiro.
O importante é aproveitar cada instante
E saber que as coisas boas
Emergem da alma.
Devemos conservar apenas 
O que nos caiba nas palmas das mãos
E dentro do coração.
Tudo o mais é-nos transitório.


Janelas para o mundo


Suavemente
Abri as janelas para o mundo
E me abriguei sob as estrelas.
Com os bolsos cheios de delicadeza
E sonhos à prova d'água
Cantei e dancei na chuva.
Sem pressa 
Fiz o meu caminho através das nuvens.
E descobri a cada dia
Lindas paisagens na alma
Que recolhi aqui e ali.
Desde então
Caminho de mãos dadas
Com a felicidade.
Sem partida e nem chegada
Somente uma viagem.


O que é bonito tem vínculos dentro do tempo e da distância. (May Lu)

Reciprocidade