REVELAÇÃO

Pois metade de mim é partida
a outra metade é saudade.


Oswaldo Montenegro

segunda-feira, abril 30, 2012

O poder das palavras


Existem momentos desnecessários de palavras
Existem outros tantos em que se fazem necessárias
Palavras que são poemas de promessas
Que nos beijam e nos selam
Já vêm prontas, vem com vida.
São palavras mágicas
Palavras que não viram pó
Que não caem no esquecimento
Palavras que permanecem
Palavras que o vento não leva
Entretanto há palavras que nos ferem
Com o poder de um punhal
São cortantes, são agudas
Afiadas e mortais
Transpassa-nos incisivas o coração
Ainda há aquelas mascaradas da verdade
Que arrastam-se dissimuladas
Frias e calculistas
São descapacitadas de emoção
Tem o poder da destruição
E por ultimo têm aquelas que não dizem nada
São ocas e vazias
Não trazem nada... Não edificam
São apenas palavras ao vento
Portanto,
Devemos ter cuidado com as palavras
Devemos cultivá-las em solo fecundo
Vistos são elas uma semente
Que se chama pensamento.

Anseios de um desejo


Espero-te nos desertos das areias
Nas dunas secas dos meus sonhos
Onde somente o vento sopra
Já cansado de esperar
 Espero-te além dos meus desejos
Só resta-me o calor dos meus anseios
Quando o coração chega à boca
Em sentir seu hálito quente
De beijar-me mansamente
Espero-te no fogo impaciente
Desse coração apaixonado
Que bate em ritmo galopante
Desse desejo de amar
Sem vulgaridade
Sem pudor
Somente doar-me por completo
No repouso dos teus braços.


Cativa do vento


Conservo os cabelos presos na nuca
À espera de um afago
Da brisa fresca que me envolve
Do Vento que me abraça
Descendo levemente pelas costas
Palpitando-me um desejo de estar cativa
De me sentir amada
Como ocorre aos braços de um amante
Num gesto lento
vagarosamente
Desnuda-me o dorso
Com mansidão se arrasta sobre mim
Em movimentos ondulantes
Vagueando na eternidade desse instante
Na sensualidade do momento
Dessa paixão que nos enlaça
Em poesia nos satisfazemos
Não há nada a se dizer
Não quero quebrar a magia
Sou uma ilha deserta
Onde as ilusões são os únicos ocupantes.

domingo, abril 29, 2012

Sonhos que em mim retive


Sou filha da madrugada
Em noite enluarada
Na negritude da noite
Tenho a alma errante
Em mares sou navegante
Por terra sou viandante
Sou folha solta ao vento
Sou o choro da saudade
De algo que nunca tive
Da pátria perdida no tempo
De lugares que nunca estive
Dos sonhos que em mim retive
Estou perdida em mim
Porque vou planejar?
Quero apenas velejar
Em diferentes mares singrar
Não tenho rota determinada
Apenas me deixo levar
E quando nada mais restar
Este será o meu lugar
Minha conquista!
O meu repouso, o meu lar.

As chamas do amor


Quais as cores desse fogo que me acende
Espreita-me
 E revela meus desejos
Fogo paixão
Chama vermelha carmesim
Abrasado, encarnado
Entalhado na pele
No coração
Labareda inflamada
Que me deixa em vulcão
 Feito de sangue vermelho vivo
Que me escorre incandescente
Pelas veias, 
Em combustão
Salamandras mágicas.
Serão chamas eternas? 
Ou
Poderão um dia virar fogo de palha?
Fogo lento
Sem vida
Luz consumida
Lume sem cor
Que perde o calor
Feito fogo de vela
 Que pouco a pouco se acaba
Até restarem somente as cinzas
Parafina derretida no fundo
A escuridão.
Estarei brincando com fogo?
Que importa?
Prefiro o fulgor
O incêndio que se alastra
Indomável, intransigente
Em veemência
O ardor da madeira
Na fogueira
Que desaba e acaba
Ao desatino de nunca ter sido chama.

sexta-feira, abril 27, 2012

Sonhos que florescem


As flores que cultivo
São meus sonhos que florescem
Em pétalas orvalhadas de esperança
Guardo os aromas nas mãos
Polinizadas de anseios
Que um dia já foram sementes
Germinadas de minhas crenças
Da minha fé primaveril
Revelaram brotos desmedidos
Na serenidade do meu coração
Alastrando-se em ramos floridos
Aromatizando os meus dias 
Enchendo de cheiros o meu jardim
Que assim seja sempre!


Nua



Acordei nua
Acordei sem cor
Acordei com frio
Falta-me o amor
Busquei-o dentro
Porém não o achei
Ontem o deixei contigo
Voltei vazia...
De mim
De ti 
De nós
Do amor
Sem calor.




quarta-feira, abril 11, 2012

Estações da vida


 És arvore
Dentro do tempo
No ciclo
 Das estações
Da vida
A sua força 
Provém do sol
Persiste da lua
Árvore plantada
Junto às águas
No útero 
Da mãe terra
Em círculo
Entre os dias 
As noites
Como os ursos
Hiberna no inverno
Recolhe-se em si
 No profundo
preparando
O ninho
A semente
Em espera
Da primavera
Cheia de flores
De todas as cores
De folhas
Das mesmas cores
É o brilho
Que antecede o verão
Carregado de verdes
De frutos
temporada
Dos sorrisos
Da felicidade no ar
Assim,
Observa tranquila
O outono chegando
O vento leve e manso
Que balança os seus galhos
Desprendendo-te
As folhas
Os frutos maturados
Que caem ao solo
preparados
Para o retorno
Ao início do ciclo.



terça-feira, abril 10, 2012

Ser feliz ou infeliz


Ser feliz ou infeliz
Aptidões naturais
Reações individuais
Instintos próprios
comportamentos
Que se movem
Que impulsionam
Nossa capacidade
De sentir
Ser...
Provam da origem
Já nascem
Particularidades
Minúcias
No ventre
Há Momentos
Tristes ou alegres
Instantes 
Que vão e vem
Em equilíbrio
Na balança
Que reside
Em cada um
Feliz ou infeliz
Permanecemos
Inexplicáveis
Dentro
No fundo de nós
Um paradoxo...
Seguimos
Pela vida
Como
Infelizes alegres
ou 
Felizes tristes!
Ultrapassar
Qualquer sentimento
É pender
Para um lado
Ou
Para outro
Caindo...

quinta-feira, abril 05, 2012

Nós mulheres (a palavra amar)


O homem para entender uma mulher tem de fazer parte da vida dela
Não ela ser a última parte da vida dele
Somos simples de se entender pois somos só sentimentos
Somos transparentes, doadoras
Basta somente olhar dentro de nós
Não além...
Cabe ao homem desvendar nossos segredos
Embora nem todos sejam possíveis
Porque ás vezes há alguns
Que são insondáveis para nós mesmas
Mistérios vendados pelos olhos da alma
Um poço profundo de desejos
Que quando vêm á tona
Transformam-se em águas doces
Das quais os homens matam suas sede
Ao mesmo tempo em que amamos
Desejamos que seja recíproco
Somos dotadas de espíritos sensíveis
Um balanço à nossa fortaleza
Pois nós mulheres
Demonstramos uma persona forte
Porém do sexo frágil, carente
Necessitado de carícias
Temos uma intensidade interestelar no amor
O homem não demonstra na prática
Como diz saber amar
A definição pros sentimentos
Não necessita de muitas palavras
Nós mulheres
Resumimos o essencial
É um dom!

( Matheus Rodrigues Aguillar Gera )

&

Um lindo amor esquecido


Tal a semelhança dos nossos passados...
Aprendemos com nossos erros
E das mentiras que vivemos
Fizemos chão firme
Das palavras que nos feriram
Escrevemos poemas do ventre
Da alma
Viscerais...
 Descrevendo a paz de um amor
De um amor em paz
Uma conquista dia a dia
Cruzamos caminhos ditos impossíveis
Fizemos um mundo que nos faltava
E sobre ele
Difundimo-nos em mil pedaços
Ocupamos os espaços
Preenchemos as lacunas
Colamos os cacos
Espanamos as poeiras
Varremos as cinzas
Que ainda pairavam no ar
E dos tempos vencidos
Tornamo-nos vencedores
Das cicatrizes marcadas em pele
 E coração
Fizemos lembrete de paz
Nós
Que castigados pela dor causada
Respiramos aliviados
Nós
Que bravamente resistimos
As tempestades mais cruéis
Entre sorrisos e lágrimas
Conquistamos o abrigo perfeito
Nós
Que um dia sonhamos
Seríamos...
... Eternamente felizes!
Entretanto de novo
Mais uma vez
Novamente
Ficamos com as marcas na pele
Os arranhões na alma
E as dores no coração.

quarta-feira, abril 04, 2012

Oi solidão


Oi solidão
Podia estar contigo a vida toda
Mas você já ficou demais
Seu tempo expirou 
Estou recomeçando 
A mim mesma
Você sempre teve a capacidade
De carregar mil coisas
Em tuas andanças pelo mundo
De deixar peças espalhadas
Jogadas por toda a casa
 Ou mesmo escondidas
Embaixo da cama
Do tapete
Qualquer canto que eu ia
Esbarrava com uma lembrança sua
Que me sugava a alegria
Drenava minha alma
Deixando-me vazia
Sim solidão
Você é uma parasita
Andava em volta de mim
Em círculos o tempo todo
Mesmo dormindo
Eu sentia a sua presença
sufocando-me
envenenando-me
silenciosa
ardilosa
Como a me dizer
Eu vou te matar
Ledo engano o seu
Hoje estou voltando ao começo
 Como uma página em branco
Não vejo mais a escuridão
Como companheira
Estou me libertando
Sem fuga
Sem medo 
 Eu e meu silêncio
Agora compreendo o silêncio
Sua voz 
Não estarei mais sozinha
Dentro da solidão.

Tenha-me minuto a minuto


Veste o teu corpo no meu
E tenha-me minuto a minuto
Vem à mim como salvação
redenção
Toca-me sem medos
Sem limites
Sem amarras
E sem assombros
Venha-me sem restrições
Sem linhas definições
É esse o instante
O todo!
Sem retorno garantido
Porque o momento passa
E não importa se gira em torno
De mim
De você
Em círculo
O caminho jamais será o mesmo
O ciclo
A roda gira sempre em frente
Em equilíbrio
O peso
A medida da vida.

terça-feira, abril 03, 2012

Gosto de coisas simples


Gosto de coisas simples
Que me tocam a alma
E lavam minhas amarguras
Gosto de olhar para o céu
E ver o sorriso escancarado do sol
De ver o arco-íris cruzando as nuvens
Uma mistura de cores
Que me rasga aos olhos
São-nos presentes de Deus
Gosto de beijo na testa
Aliviada respiro o ar
Do profundo carinho revelador
Ternura imprescindível
Gosto de um abraço apertado
demoroso
Sincero... Caloroso
É-me aconchego
Gosto de andar de mãos dadas
Com os dedos entrelaçados
De sentir o coração na palma
Sinto-me segura
É-me necessário
É abrigo
Gosto de palavras soltas
Um papo legal
Alto astral
Sem preconceito
Que desce doce ao paladar
E permanece na boca
Que me faça rir despreocupada
Com as durezas da vida
Gosto de ouvir música com a alma
Esquecendo os tons
Apreciando os sons
Apenas deixando-me embalar
No meu próprio ritmo
Minha harmonia
Gosto de andar despreocupada 
Sem me importar com a hora de voltar
Sem pressa de chegar
Somente ir caminhando
Apreciando a liberdade
Olhando à volta
À frente...
Gosto de estar com a família
Superando as diferenças
Rindo juntos
Chorando mais juntos ainda
A doçura familiar
O ninho
Gosto de coisas simples
A essência
Que me deixa com saudades
Ansiosa para que novamente aconteça.

domingo, abril 01, 2012

A janela


O dia começara glorioso
Com flores e folhas balançando
Junto à brisa fresca
As magnólias acabaram de desabrocharem
Perfumando o ar
 Embelezando o parapeito da janela
Com suas lindas pétalas brancas
Vários ruídos chegavam das ruas
Inclusive o som de várias pombas
Pousadas na torre da pequenina igreja 
A casa ficava no alto da colina
Propiciando uma bela vista
De boa parte da cidade
E fazendo parte desta visão magnífica
Foi que o vira pela primeira vez
Caminhando apressado
Passadas largas
Como se estivesse com pressa
De percorrer o caminho
Conquistar o mundo
Seguiu-o com o olhar
Até vê-lo desaparecer no nevoeiro...
Então ela sorriu afastando-se da janela.

Princesas as avessas


Muitas ainda sonham com o príncipe encantado
Chegando num mavioso cavalo branco
Desejam ser salvas
Da bruxa malvada
Da madrasta má
Fantasmas dos seus próprios medos
Tecem lindos contos de fada
Com uma grande abóbora virando carruagem 
Desejando ser transformadas em princesas
Calçam os sapatos de Cinderela
Esquecidas do sino da meia-noite
Acabam presas dentro dos sonhos
Viram gatas borralheiras 
escravas
Dos príncipes que viram sapo
Ficam sem as tranças 
Presas dentro das torres
ou 
Talvez nas masmorras
Convivem com as feras
Já não existe mais as belas
Despojadas de suas fantasias
Esfregam o chão
Sujam os rostos de carvão
E por fim
Comem a maça envenenada...

Voa passarinho


Vai passarinho 
Voa livre
Canta ao mundo
O que vibra aí no peito
Grita a tua liberdade
Livre da prisão
Das grades que te tolhia o canto
Vai passarinho
Deixa as tuas penas
Brincarem com o vento
Sente nas asas a leveza
A independência
Vai passarinho
Voa junto com outros pássaros
Abraça as boas novas
 Veja quão preciosa é a vida
Voa , grato aos céus
E àquela que o libertou.



O que é bonito tem vínculos dentro do tempo e da distância. (May Lu)

Reciprocidade