Quando eu morrer quero ser cremada .
Passei minha vida toda dentro de um caixote ...
Em clausura
Metida no centro de um abismo .
Não quero ninguém usando preto !
Já usei luto, por mim mesma a vida inteira.
Essa coisa de vestindo por dentro...
O negro, ébano profundo.
Sou feita de dedos
Que vivem tocando as próprias feridas .
De bocas rasgando a carne em busca de ar
Enquanto me afogo no meio do sangue.
Caminho descalça sem deixar pegadas ...
Transito sobre as brasas
Que me deixam a alma em bolhas .
Sem escolhas retenho o
cárcere-martírio .
Levo o ventre cheio de adeus
Gestante dos meus fantasmas ...
Onde os mortos me entregam flores .
Queria ao menos deixar rastros escarnados
Meu sangue purpúreo
Quem puder que se salve
Eu já não tenho cura ...
Sou o suspiro .
Ai de mim!
Acendam-me uma vela.
A sepultura é viva
O sepulcro é aberto
Conservo o corpo em êxtase
À hora extrema.
Espalhem as cinzas aos ventos...
Haverá redenção?
À criança presa num corpo de mulher.
Um comentário:
luto,preto,sepulcro, pareceu eu escrevendo , até assustei , adorei mãe , parabéns pela escrita , ficou perfeita , daria uma bela música , bjs minha rockeira preferida kk , fike com Deus , te amo s2
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